23/06/07

Qual o futuro do amor?

É verdade que estamos no século XXI, tudo progride, tudo avança... ou pelo menos quase tudo. Dou por mim a pensar que há certas coisas que deviam ficar estáticas no tempo, certos princípios que deviam permanecer inalteráveis para sempre. É certo que ao longo dos tempos sempre houve dor, mentira, mágoa, tristeza, mas não consigo deixar de sentir que cada vez mais as pessoas se espezinham a troco de nada, se magoam a troco de nada, enquanto fazem tudo isto com um sorriso nos lábios e um olhar de relance por cima do ombro. Às vezes penso que para ser normal e para que não me vejam como uma "weirdo", tenho que atropelar tudo e todos, agir com indiferença, caminhar de queixo erguido, ignorar os sentimentos dos outros. Desculpem mas recuso-me a viver num mundo em que os homens tratam as mulheres como merda e elas não só parecem gostar, como também isso parece não as afectar minimamente. E qual é a explicação? Estão habituadas. Cada vez que pensarem que a mulher se emancipou consideravelmente ao longo dos tempos, pensem de novo, pois a única coisa que conquistámos ao longo do tempo foi o direito de voto e o facto de podermos usar saias pelas virilhas na rua e não sermos chamadas de putas. Não estou a pensar montar aqui um discurso pseudo-feminista, nem a defender as mulheres de nada, porque se há uma coisa que a vida me ensinou, é que não há vitimas, só sobreviventes. O que me parece é que os homens não sabem o que querem e as mulheres andam ao sabor da maré, cedendo atónitamente a tudo o que se lhes afigura. Perguntem a qualquer mulher, "o que queres de uma relação?", a mulher que está sozinha, enverga os seus princípios até puder, até chegar alguem que não pensa da mesma maneira e os princípios vão todos à fava. E porquê? Desculpem minhas amigas mas as mulheres estão desesperadas, custa a admitir, custa a ver, custa a encarar, mas é tão claro e tão óbvio. Como um grande amigo sempre disse, "basta meia hora de música e já está". Meia hora de música, meia hora de conversa que vocês querem ouvir, de frases que há tanto esperam ouvir, da atenção que há tanto tempo querem só para vocês, e os princípios vão todos ao ar, esquecem-se do que queriam, e a partir deste momento, em que as defesas baixam,qualquer um serve. Vivemos numa sociedade em que infelizmente as pessoas são conformistas demais, em que as pessoas vêm o "estar sozinho" como um vírus ou uma qualquer doença a evitar. Está bem que vivemos numa sociedade de consumo, mas o que me parece é que ainda ninguem se lembrou de começar a consumir amor, e o triste resultado são os namoros "fast-food", que pouco ou nada têm de amor. Começam tão rápido como o pedido na caixa e acabam tão rapido como quando se aborrecem ou conhecem alguém melhor. E parar para pensar?A mim soa-me bem, parar para pensar se devemos começar uma coisa cujo futuro é demasiado incerto ou na qual não vêm futuro nenhum. Para quê andar por andar? Para quê comer um hoje a amanhã outro? Será que já ninguem valoriza o "click", a ligação sentimental, a empatia entre duas pessoas? Gostava de acreditar que as coisas não se reumem a umas mamas grandes e a um sorriso engraçado, mas infelizmente é isso que vejo por toda a parte. Começando pelas curtes e os amigos coloridos, essa tal espécie de test drive antes de comprar o carro, mas que curiosamente nunca acaba com uma compra. Miúdas, chega de se deixarem enganar pelo "grande querido" (já dizia a minha Dida) que diz que vos adora, vos salta pra cueca e desaparece sem deixar rasto. Sejam exigentes, sejam pacientes porque a pressa é a inimiga da perfeição e sinceramente...mais vale estar só do que mal acompanhado. A auto - estima é a melhor coisa que a mulher pode resgatar de sí própria, ao amar-se a sí própria e ao respeitar-se a sí própria primeiro que tudo, estão a dar o primeiro passo para algo muito positivo. Nesta sociedade de relações desligadas, de promessas distantes e infidelidades, não há lugar para o amor enquanto as pessoas não estiverem dispostas a procurá-lo. Procurá-lo em palavras e desejos sinceros, por mais ridículos que pareçam, não tendo medo da solidão que por vezes passa por todos nós, porque ela assim o é, passageira, se o desejarmos. Já dizia o morrissey, some girls are bigger than others, ah pois são, mas onde estão elas?

Sinto falta do amor romântico, do amor puro, sem segundas intenções, sem mentiras e trapaceirices, amor a dois e não a três, sem rodeios, sem traições, sem dor e sem mágoa. Sinto falta do que nunca tive, e ao mesmo tempo não vejo a hora de o ter, e assim deviamos ter todos nós. Seja na pureza e sinceridade de um olhar, seja num "gosto mesmo de ti rapariga!", seja num beijo envergonhado, sinto falta de tudo isso, e não vejo a hora de acordar deste sonho estúpido de 23 anos em que as mulheres fazem tudo para que gostem delas, sem uma réstia de amor próprio.

Quando é que o mundo ficou assim?

Espero que isto toque alguém, porque já vai estando na hora, e pra me despedir, o sam vai tocar para vocês, play it sam...

6 comentários:

Anónimo disse...

Epa nunca deixes de ser assim miuda. Não podia faltar a lindíssima Ingrid Bergman,grande filme ;)
Abraço

poca disse...

não pude deixar de reparar que te puseste à margem desse tipo de mulheres que descreves..
se olhares com atenção, há mais que não se deixam de enganar com meia dúzia de palavras ao ouvido.. e outras tantas são iludidas por algo que não existe..

isto anda tudo meio louco sim.. mas no fundo procuram todos o mesmo.. por muito que digam o contrário.. no meio dessas não relações todos esperam por esse amor puro. todos esperam encontrar alguém com quem lhes apeteça ficar.

quanto mais o desejarmos.. mais longa é a espera. e muitas vezes a desilusão.

Anónimo disse...

Grande texto escrito por uma grande mulher. Não podia concordar mais com o que dizes. Continua-nos a brindar com mais textos desta qualidade que só revelam a tua grandeza como pessoa. Muitos beijinhos. :)

CANHOTO* disse...

Li com atenção...Mas não sei bem o q diga.
Acho q no fundo todos queremos um amor platonico e completo...pelo caminho há quem se torne "demasiado" exigente e se perca.. Nem sempre aparece, esse amor perfeito!
Na minha opinião há q levar a vida com um sorriso e aproveitar, sem enconder nada nem doses injustas de egoismo, o melhor de cada pessoa q se cruza connosco em cada momento. Ser/tentar ser verdadeiro. Acreditar sem querer fabricar ou ir atrás...
A vida anda a mil. As cenas vão acontecendo e os bons momentos brilham de vez enquando. Se tivermos um sorriso e uma atitude positiva há probabilidade de fazermos parte desses momentos. Independentemente de durarem uma semana ou uma uma vida...
Mas pelos menos arriscámos e saimos mais "vividos".
Keep going;)**

Lara disse...

Nem sempre quem vive más experiências tem coragem para arriscar de novo, é preciso tomates e não ter medo de avançar às escuras...conseguir confiar em quem mal conhecemos. O certo é que muitas oportunidades boas passam ao lado e só nos apercebemos como eram boas depois de já não as termos. Mas é assim a vida, win some, loose some.

Anónimo disse...

O amor parece uma coisa simples e é assim que o imaginamos, mas o facto de este envolver duas pessoas desgasta a simplicidade... Porque as pessoas já não sabem viver sem complicações, não sabem aproveitar o momento sem pensar no dia de amanhã... Ok, é assim que se dão grandes cabeçadas, mas sem elas o que aprenderiamos?
Todas as sitações que descreves são necessárias para crescermos e aprendermos, a rapaidez ou lentidão com que o fazemos depende de cada um!
É verdade, seria tudo mais simples se fossemos gatinhos ;)
Bjs, Susana