08/06/07

Poder Subversivo

«A lot of people never use their initiative because no-one told them to.»

O que é Banksy? Ou melhor, quem é Banksy? Resposta simples, redutora e manifestamente não-original: trata-se de um artista urbano de nacionalidade britânica que se exprime através de stencils e grafittis e raramente se deixa fotografar, embora nem por isso deixe de ser mundialmente famoso, no bom sentido do termo. Ou seja, "famoso", essencialmente pelo seu trabalho, pela sua arte-intervenção, exibida de forma totalmente gratuita nas paredes sujas, ruelas estreitas e becos sem saída das grandes urbes industriais britânicas, ou em lugares tão inóspitos quanto os territórios "ocupados" palestinianos; e não pelas suas origens genealógicas, mero status social ou algo do mesmo género feudal.
Subversão e provocação são duas palavras-chave em Banksy, dois tipos de acção que não agradam nada à habitual horda aristocrática, pedante e conservadora de puristas, moralistas, elitistas e vários outros senhores "istas" a quem Banksy responde com uma das suas melhores armas, o sarcasmo: «o grafitti não é a mais baixa forma de arte, apesar de termos de andar escondidos à noite e mentir à nossa mãe. É na verdade a mais honesta forma de arte ao nosso dispor.»


Uma deliciosa ironia que remete para um dos seus muitos inimigos de estimação: os museus de arte, santuários do "bom gosto" institucionalizado que Banksy se divertiu a profanar há uns tempos atrás. Saltou então para as páginas dos jornais ao colocar trabalhos da sua autoria nas paredes de três dos mais famosos museus de arte contemporânea do mundo, de Londres a Nova Iorque, lado a lado com os grandes mestres do bom gosto. O mais hilariante é que os guardiões dos referidos santuários demoraram várias semanas a reparar nos O.E.N.I. (Objectos Estáticos Não-Identificados) que incluíam helicópteros a irromper por paisagens impressionistas ao estilo de Monet ou a Mona Lisa de Da Vinci a segurar um lança-rockets entre outras preciosidades que foram vistas e apreciadas pelos visitantes dos museus sem, aparentemente, qualquer tipo de estranheza.


Não raras vezes, Banksy foi detido por delito de...expressividade. Nada que o demova, porém, da sua missão possível: subverter, provocar e, nos tempos livres, gozar literalmente com as ditas autoridades. Ao ponto de, em delírio absoluto, desenhar dois polícias do sexo masculino, vestidos com a tradicional farda britânica, a beijarem-se em plena via pública; ou um soldado da coroa britânica, também fardado e de espingarda, a urinar no passeio; ou um outro soldado a escrever na parede a velha máxima "God save the Quee..." (lançando a dúvida sobre se se trata de "Queen" ou "Queer"). Banksy refere que «as pessoas que gerem as nossas cidades não entendem os grafittis porque julgam que nada tem o direito a existir se não obtiver lucro. Mas se apenas valorizas o dinheiro, a tua opinião não tem qualquer valor.»


Banksy refere que os maiores crimes no mundo não são cometidos por pessoas que cumprem as regras, mas por pessoas que cumprem as regras. «São as pessoas que aceitam as ordens, que lançam bombas e massacram populações. A desobediência passa por gozar com as ordens, ao colocar avisos nas paredes em formato stencil, designando-as como "área autorizada de grafittis" e, simultaneamente, proibindo a afixação de anúncios publicitários.»
«Gosto de pensar que tenho tomates para me insurgir anonimamente numa democracia ocidental e defender causas em que mais ninguém acredita, como a paz, a justiça e a liberdade», sustenta. Não por acaso muitos dos seus desenhos são mensagens pacifistas, como uma menina de saias a abraçar um rocket; ou aquele helicóptero de guerra ornamentado com um pequeno laçarote cor-de-rosa...simplesmente delicioso.Miranda July não faria melhor.


Banksy vai ao Museu

in umbigo

2 comentários:

Anónimo disse...

Banksy, the pink panther... :D
muito bom.

Anónimo disse...

Tem o mesmo valor do que eu se pegar num balde de tinta e lhe der cabo do grafitti ou apagar o tag dele e colocar lá o meu nome!
Aposto que ia ficar contente, a solução é ele comprar uma casa com um quintal grande e fazer grafittis nas paredes dele, porque ai é soberano!
A minha liberdade acaba onde começa a dos outros...simple like that!:)